sábado

Brota entre as perdas
abre as pernas 
sob o céu azul

Cintila verde musgo
e derrama ramas 
do seu corpo nú

Abre sua vertente
mostra os dentes 

num sorriso crú

Disfarça um abraço
cruza os lábios
pede um beijo
ganha um tapa

Desabafa em sussuros
seu lamento grita:

- Pára!

Caminha num arame
chora sangue
num delírio vil

Escorrega entre braços
sufoca o seu laço
no vazio

quarta-feira

eterno cinzento sol que azulegeia meu sincero e perecível genio tempestuosamente roseo escaldante nesse gélido oceano urbano de aconchegos desconfortaveis e mutantes apaziguadores da minha infinita ansiedade que finda numa areia morna e agressiva fervedoura de tranquilos desencontros purpuradourados e escaldados no mais raro e mentiroso bronzeouro
5 semanas me confundem
me emana babas
e eu voo, voo voo
de amor
roço minha barba
babada
por 3 semanas
com a boca calada
suspirando por um futuro
e eu pata de bode

caminhando
com um papagaio no ouvido
um felino a tira colo
um Alce no pescoço
e eu voo... vou
e volto
em voltas
com os cabelos em pé
um soluço preso
o coração na mão
o desejo escorrendo pelo corpo
na sarjeta
indo e vindo
escorrendo entre copos
corpos que bebo
e eu voo, voo...vou
com olhos atentos
em voltas
me perco
num amor distraido
num amor destruido
num que não fala
não cala
voo ao teu encontro
se me chamares meu
ou sigo meu encontro
sendo meu em voos
envoltos em corpos
que não o teu!
mas se me chamares...?
voo...

terça-feira


Com simpatia conquistava todos
Aprendeu a forjar os dentes
com alegres suspiros solitários
Decidiu só chorar de alegria
Teceu ficções com fios de aço
escorridos por dentro dos olhos
Figurinos e maquiagens
para as lágrimas
que corriam tristes
pra fora
Com destreza se tornava útil
uma boa companhia
De tanto chorar pra dentro
se afogou!

sexta-feira

Espero como um gato espreita
Minha cabeça voa como pipa
em dias de tempestade
Meus olhos nascentes
lama e lodo
Minhas mãos como gelo no sol
Barranco, mato e muros
sob meus pés

quarta-feira


Quero pular de paraquedas
um único mergulho
Um pulmão contra a espinha
Outro contra o esterno
O esterno contra a coluna
Meu grito contra o teu
Minha queda livre
com o freio de mão puxado
Cuspo ansiedades
deslizo ébrio...
Salto de paraquedas
Não Abro!
Você inverte teu desejo
Me aventura a seguir só!
Tenho um corpo cravejado por preconceitos...
E outro, amalgamado com afetos!
Degusto palavras como um gato vomita bolas de pêlos!
Não sabia parar. Ele não sabe parar!
Sentou-se no tear...
Agora!

Tece tênues limites
Vivo paixôes com desacato
Amores com acatos e desacatos
Negocio existências
Tramo negligências
Costuro, faço crochê, tricoto, moldo
corto, cirzo...Permanências
Arremato, bordo, customizo, cavo, rasgo
...Transparências, ziguezagueando!
Construo fortalezas
Me torno gigolô
Crio, destruo
Puta de mim mesmo doo afetos
delicados transtornos
Feroz roubo intimidades
Presencio desilusôes
Recrio ilusões intimas
projeções frágeis
Me visto com o abismo
visito a entrega
Talvez desapareça
suma
Corra(,,,)corre
- Corro!
foge pra longe
- Fujo
bem perto
(talvez) Logo sorria
e desapareça
Talvez

apareça
sujo
surja
ande(,,,)anda
- espero
de braços abertos
repouso
Com o corpo
berro(,,,)berro
Urro!
Meus olhhos nos teus
Peito à peito!
Talvez de mãos dadas!
Talvez de mãos dadas!

sexta-feira

Meus olhos deitam nos teus olhos
Suave minha voz ecoa:
- É um segredo!
Tua mão macia conforta meu corpo
Arreganhado
me escondo com os dentes a mostra
Você me abraça!
Disfarço uma lágrima com um sorriso
Você me beija!

sábado

Desceu do seu cavalo
tirou a capa de Super Homem
jogou fora o anel do Lanterna verde
Agora anda com os pés descalços
Sua visão além do alcance
não projeta horizontes
Desvenda-os
Caminha, chora, sorri, dança
gargalha!
Os pés, descalços
Nas palavras não ditas, nos abraços não dados, nas lágrimas engolidas...
Tem sempre um peito estufado. Baú de sentimentos.
Um ponto com dois espelhos que se quer reticência. 
Nunca recomeço.
Um linha outro ponto
um contra outro conto
um traga outro tango 
um rasgo outro trapo
dois cantos
De saudade
desobediente 
meus dedos
me revelam
nos teus olhos
"- Você tem asas roxas!
Não sabe usar, mas sabe quando fecha-las.
Usa sempre abertas!"


(da boca de um desconhecido morador de rua. que correto eu fui. um mendigo)
"Nos demais – eu sei,
qualquer um o sabe – 
o coração tem domicílio 
no peito.
Comigo 
a anatomia ficou louca.
Sou todo coração –
em todas as partes palpita.”
Maiakóvski

domingo

distante
lembrança
na retina
dos outros

segunda-feira

Você insiste em bater
Me arrebenta por dentro
Chora baixinho
Eu imploro:
- Não me sangra mais!
Sem ouvir, você me dói!
Uma porrada atrás da outra
Você me dói
Me sangra, dilacera.
Contrai
Quero arrancar você de mim!
Te jogar longe
Você?
Uma porrada atrás da outra
Me mantem vivo
Dilacerado
Você me dói
Sem você pulsando não resisto
Morro
Você não pára
Uma porrada atrás da outra
Descompassado
Dói
Aprisionado nesses ossos
Você me dói

domingo

sim, eu perco a cabeça berro urro grito me abraço me laço me lanço derramo lágrimas tremo o corpo inteiro respiro aperto o peito me afogo sorrio desespero alivio suspiro ciclo

sexta-feira

Submerge nas lagrimas de saudade
meu jeito tosco de ainda ter
um abraço, um acalanto...
o brilho atrás da lente me fitando
o sorriso maroto escapando dos lábios
Esse gosto de pele tua na minha boca
esse gosto de boca tua...
escorre em segredo
 percorre como sussurro
os caminhos da tua língua
dissolve o vazio sem teu peito-aconchego
Essa saudade que me queima
me derrete me consome
O brilho das minhas lágrimas
na minha saudade se vai







http://www.youtube.com/watch?v=8jrkeyccoAk

terça-feira


Por dentro as lágrimas são estrondos
Arrebentação de sentimentos
Colapso do corpo
Erosão no peito

Escorro pelos dedos
onde queria ter parado
Sou levado pelo vento
das palavras nos teus lábios
Me desfaço na paisagem
dos teus olhos
Viro o vazio dos teus braços








quinta-feira


borboletas pretas e pegajosas
se debatem nos
músculos
nervos
veias
...
estomago
cabeça
...
O corpo amedrontado se recolhe!
Se conforta em si mesmo
Não consegue!
...
o desespero, vivo
de pedra
cactos
estrela
escuridão!
olhos abertos
fecham!
(instinto) no quarto/aquário de lágrimas.
A cada soluço menos ar!
Em cada braço o vazio!
Nos joelhos o colo!
Na testa...!


Nos pés a queda livre!



Nos lábios
segredo
silencio
súplica!
...
..
.