segunda-feira

Dos olhos parados a lágrima escorre leve. Delicada e persistente vai abrindo espaço entre os pelos arrepiados do peito. Sutilmente convida a entrar. Carrega suave por dentro de um corpo que já não tenta se esconder. A cada lembrança parece que a queda d’água se intensifica. É preciso atravessar a cortina molhada pra flutuar entre as galerias de um passado que se foi. Num instante a felicidade cai reta pra fora das pálpebras, o rosto numa tentativa desesperada de não revelar a tempestade, sorri calmo. Procura por todos os lados dois braços onde se aconchegar. Vasculha todos os cantos atrás de um olhar sutil. Com ternura consegue se abraçar sozinho. E por maior que seja o esforço não consegue mais esconder nada. Entrega-se pra si. Desaba sobre os próprios soluços tentando respirar um pouco. Afoga-se entre suspiros, lágrimas, saudades e sorrisos. Sorri pro próprio joelho. Não sente medo de estar ali, não sente medo de sair dali, não sente nada. Só o que quer é dormir. Dormir um sono profundo. Acordar como se nada tivesse acontecido. Caminhar como se não tivesse passado. Esquecer que um dia conseguiu permanecer com os olhos parados em algum lugar sorrindo. E sorrir outra vez.

Um comentário:

  1. eu tenho braços pra te aconchegar e o meu riso pra sorrir contigo, nunca esqueça disso! o texto é lindo! melancólico e lindo... lindo como a covinha que se forma na sua bochecha sem que vc queira rir, ou a lágrima parada nos teus olhos sem vc chorar. é você. vc não pode controlar... é vc, esse menino perdido que eu amo tanto! o meu irmãozinho querido que eu sempre vou amar... eu e oscar. ele manda lembranças. eu, um monte de beijos!

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